A Androginia é um fato e termo antigo, tendo entre suas primeiras citações, na obra O Banquete, de Platão. Aristófanes cita três gêneros (grifo meu):
“[...] três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia a mais um terceiro, comum a estes dois, do qual resta agora um nome, desaparecida a coisa;andrógino era então um gênero distinto, tanto na forma como no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino [...] e tal a sua constituição, porque o masculino de início era descendente do sol, o feminino da terra, e o que tinha de ambos era da lua, pois também a lua tem de ambos; e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantes genitores.”
“[...] três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia a mais um terceiro, comum a estes dois, do qual resta agora um nome, desaparecida a coisa;andrógino era então um gênero distinto, tanto na forma como no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino [...] e tal a sua constituição, porque o masculino de início era descendente do sol, o feminino da terra, e o que tinha de ambos era da lua, pois também a lua tem de ambos; e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantes genitores.”
Definições quanto ao ser andrógeno não
faltam, vindo desde aspectos da biologia, sociologia, do próprio
dicionário, dentre tantas outras fontes provindas das ciências, artes e
relatos pessoais.
Um problema que sempre tive quanto ser
andrógeno foi ao tentar explicar tal fato. Existe certa cultura, certo
preconceito e definição quanto a pessoas que são andrógenas –
limitando-as aos padrões estéticos provindos do mundo da moda e, a
certas definições: “se você é andrógeno, porque você tá vestido
“completamente” de “menino” agora?”.
Entre ser e estar existem diferenças.
Tem-se o direito de ser livres, de vestir-se aquilo que queremos e,
principalmente, vestirmos nossa personalidade, nossas vontades, desejos –
não são apenas traços biológicos que definem a nós e muito menos são as
roupas e acessórios que dizem isso.
Posso estar eu, nesse momento, vestido,
como dizem – “de menino” – mas o meu ser, minha pessoa, meus
sentimentos, estão femininos, me sinto nesse momento preponderante
emocionalmente a aquilo que considero feminino. Entre ser e estar podem
estar ambos em diferenças gritantes, mas eu, como ser humano, em um
todo, estou contemplando-me em ambos.
“Ah, mas então você é bigênero?” “Ah, se
bem que então seria uma questão mais de ser agênero…” “Espera mas… isso
não seria mais pra “normal” que andrógeno?”.
São diversos questionamentos, são
diversas definições – são sim termos que facilitam para as pessoas que
se sentem diferentes, dos padrões normativos patriarcais, a se sentirem
contempladas, situações que se encaixam do modo que se sentem.
A sociedade possui diversas caixas,
dentre essas padronizadas, em algumas poderá se encaixar, em outras não:
quando não encontrar a sua – tenha a liberdade de criar outras e se
encaixar nelas.
Mas vale o ressalto que, quem define e
cria essas caixas é a pessoa na qual se sente de forma “diferente”
daquilo proposto por uma sociedade – em momento algum são as pessoas ao
seu redor que as definem. O papel como indivíduo, pessoa, ser humano,
como parte de uma sociedade, é apenas de respeitar o seu próximo,
aceitando-o a partir daquilo que o mesmo diz que é e se sente.
Se faz a partir daquilo que a pessoa pensa, e não daquilo que você pensa.
O que mais vejo diariamente são futuros
intelectuais, pessoas aparentemente, já intelectuais, teóricos, médicos,
gurus, e curiosos de plantão querendo encontrar a definição perfeita
para determinada pessoa – sendo que a melhor definição que ela possa dar
para alguém é a de respeito.
Como gosto de pensar: quem sabe e cuida da vida de alguém, é ela mesma – aceita, dói menos.
E dói mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário