sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Sobre a festa da Câmara Federal e o fiásco da política brasileira

Diante da repercussão negativa em relação à sua decisão de garantir, a cônjuges de deputados e deputadas, o direito a passagens aéreas custeadas pela Câmara Federal, Eduardo Cunha, raposa ladina da política, é capaz - para limpar sua barra e ter uma trégua da enxurrada de críticas - de reconhecer a existência de casais homoafetivos e a validade da união estável homoafetiva, realidades que, antes e em outras momentos, ele nega e ataca.
Cunha fez esse reconhecimento indireto ao... dizer, à imprensa, que o benefício (o custeio das passagens áreas pela Câmara Federal) se estende aos "cônjuges dos deputados gays" da casa (http://goo.gl/zJPb8M). Ora, essa declaração não poderia ser mais cínica e oportunista! Não há nenhum outro deputado gay além de mim na Câmara Federal e não há nenhuma deputada lésbica (claro que os que estão no armário não contam, pois, para fim de reconhecimento, é preciso visibilidade). E eu - único parlamentar homossexual assumido da casa - ABRI MÃO DESSE BENEFÍCIO antes mesmo de Cunha dar sua declaração à imprensa (http://glo.bo/1DWz5t6). O que ele pretende com esse oportunista reconhecimento da cidadania LGBT é esconder o fato de que a reivindicação pelo custeio das passagens áreas de cônjuges de deputados e deputadas veio da bancada evangélica, que condicionou seu apoio à eleição de Cunha pra presidência da Câmara ao atendimento dessa reivindicação.
Portanto, ainda que Cunha agora seja capaz de imaginar uma bancada de parlamentares gays e lésbicas, o benefício foi criado para atender principalmente à bancada evangélica. Que ele não tente pôr em minha conta - já que sou o único gay assumido - esse descalabro! Não nos esqueçamos de que Cunha é autor de projetos de lei contrários à cidadania e à dignidade LGBT.
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 Fonte: Nota pulbica no facebook por Jean Wyllys

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