terça-feira, 30 de julho de 2013

Pais permitem que menino de 9 anos se vista de mulher

“Ele gritava quando eu ia tentar vesti-lo com roupas de meninosQuando tinha 2 anos de idade, Danann Tyler, hoje com 9, disse aos pais que era uma menina. Na época, seus pais - a instrutora de ioga Sarah e Bill, um policial americano - acreditavam ser apenas uma espécie de brincadeira. Mas o garoto não desistiu da ideia, ele queria usar roupas femininas e deixar o cabelo crescer.
“Ele gritava quando eu ia tentar vesti-lo com roupas de meninos. E quando eu ia buscá-lo no berçário, percebia que ele estava brincando de cozinha, não de caminhões ou com brinquedos de ação. Eu achava que era uma fase”, disse Sarah, de acordo com o jornal britânico Daily Mail.
O tempo passou, e Danann continuou afirmando que era uma menina. Mas o ápice do problema foi aos 4 anos. “Eu o encontrei tentando cortar o próprio pênis com uma tesoura”, disse Sarah. “Ele parecia estranhamente calmo e dizia: ‘Vou me livrar disso’”, completa a mãe do menino.
Sempre que possível, Sarah fazia a vontade do filho, permitia que ele usasse acessórios, por exemplo. Mas o marido dela não se sentia à vontade com isso, o que gerou um conflito familiar. “Ele queria que Danann se comportasse de outra forma, eu só queria que ele fosse feliz”, contou Sarah, que achava que o filho era gay.
Na escola, o comportamento do menino não era diferente, ele tentava usar o banheiro das meninas. No começo, isso gerou estranheza e as outras crianças hostilizavam Danann, que chegava com arranhões e machucados em casa por causa dos conflitos com os coleguinhas. Com o tempo, eles passaram a aceitar.
Os pais do menino só procuraram ajuda após um triste episódio. Quando Sarah não permitiu que ele usasse um vestido para ir a uma festa, Danann saltou do carro e correu para o meio da rua, dizendo que queria morrer. Uma psiquiatra foi procurada pela família e após um mês de testes e tratamento, o menino foi diagnosticado com transtorno de identidade de gênero.
Os médicos disseram que apesar de sua pouca idade, ele precisava viver como uma menina. Então, seus pais aceitaram e finalmente permitiram que ele deixasse o cabelo crescer e passasse a usar roupas femininas em tempo integral. Para a alegria de Danann.

 
* Agradecimento ao acadêmico Antoninho pelo envio da matéria. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Homem descobre aos 66 anos que é mulher


Parecia ser apenas um inchaço no abdome. E o chinês de 66 anos decidiu procurar um médico em Hong Kong. Após exames, veio o diagnóstico surpreendente: o sexagenário estava com um cisto no ovário. Ovário!? Sim, o chinês, cuja identidade não foi revelada, descobriu que é biologicamente, uma mulher.

Segundo reportagem do "South China Morning Post", a explicação combina duas desordens genéticas: a síndrome de Turner e a hiperplasia congênita adrenal.

A síndrome de Tuner provoca deficiências em mulheres, que perdem a capacidade de engravidar. A hiperplasia, por sua vez, dá ao paciente a aparência de homem, pois provoca aumento de hormônios ligados à masculinidade.

O chinês (ou chinesa) tem um pequeno pênis, mas não tem testículos. Isto fez com que ele acreditasse ser um homem com uma certa deficiência.

(agradecimento a acadêmica Kenya Siqueira pelo envio da matéria) 

Disponível em: http://oglobo.globo.com/blogs/pagenotfound/posts/2013/06/04/chines-de-66-anos-faz-exames-descobre-que-mulher-498970.asp 

Assexuais vivem sem sexo!

 "Os assexuais têm parceiros, namoram e casam. Mas não há relacionamento sexual"
 (agradecimento a acadêmica Kenya Siqueira pelo envio da matéria)

Assexuais, eles vivem sem sexo!Eles estão em toda parte. No Brasil, uma comunidade no Orkut conta com mais de trezentos membros e já chegaram ao Facebook. Formam um grupo diferente. Não curtem relacionamentos sexuais. Nenhum problema com a libido e mantêm cada um a seu modo e em graus variados bom sistema de autossatisfação. Mas essa é uma atividade pessoal e íntima e nunca compartilhada com o parceiro.
Sim, eles têm parceiros, namoram e casam! Partilham uma vida a dois sem, contudo, se unir sexualmente. São amorosos, querem o encontro e a cumplicidade, mas, abrem totalmente mão do sexo. São os Assexuais. A característica da assexualidade é a ausência de atração sexual. Não sentem desejo de se relacionar sexualmente uns com os outros. Namoram, amam e vivem assim. Fazem parcerias entre eles e os relacionamentos são duradouros. Poucos relatam brigas ou ciúmes, são serenos e seguros porque sabem que essa escolha é, para eles, legítima e coerente.
Raramente se sabe de um casal que tenha rompido o acordo e incluído o sexo em sua união, mas se isso acontecer e houver reciprocidade, por que não? O que não é aceitável entre os assexuais é que um dos parceiros “force a barra” com o outro para a quebra do acordo. Essa é uma regra de conduta e deve ser respeitada.
Muitas vezes a pessoa se descobre assexual já na vida adulta, depois de muito sofrimento, se relacionando com outras pessoas sempre com a sensação de não gostar de sexo, uma violência contra si mesmo. Muitos relatam a alegria e a sensação de liberdade ao se descobrir assexual, isso porque antes, ao forçar uma atividade contrária ao seu desejo, colhia muito mais insatisfação do que alegria e se é assim que se sente, ótimo. E, como disse, há excitação e, assim, a satisfação pessoal é possível.
Não há predominância de sexo. Homens e mulheres podem se descobrir assexuais e aceitar a condição, desenvolvendo a partir dessa “aceitação” novas regras de conduta. Considero importante que a pessoa que não gosta de sexo a dois (já que a autossatisfação é uma prática sexual), tente analisar-se profundamente. Uma decepção amorosa, bloqueios, um trauma, podem fazer cessar o desejo sexual por um tempo e um bom apoio psicológico pode ajudar essa pessoa fazendo com que ela retome sua vida sexual normal.
O assexual gosta de viver sem parceria sexual, não sente falta e é feliz assim. Amam melhor?  São mais desprendidos, já que na maioria inexiste o ciúme doentio e a necessidade de possuir o outro? Talvez. O fato é que vivem normalmente, e, se casados, são como qualquer casal, fora o sexo. Assim como heterossexuais podem se descobrir homossexuais e vice-versa. Também não é condição que alguém que se descubra assexual, não possa sentir que deseja voltar a ser sexual.
O que falei acima se refere à parte moral, se a pessoa estiver dentro de um relacionamento. Importa saber que eles existem, vivem, amam, se alegram e curtem a vida como qualquer pessoa e devem ser respeitados como todos. E como disse o poeta: Toda forma de amor vale a pena!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Projeto de lei proíbe família gay em ações publicitárias



Projeto de lei proíbe família gay em publicidadeMais uma proposta de censura contra a diversidade! Está em análise na Câmara dos Deputados um projeto de lei (5921/2001) que regulamenta a publicidade infantil e obriga que as marcas utilizem apenas modelos tradicionais de núcleo familiar. A norma foi incluída pelo deputado federal Salvador Zimbaldi (PDT/SP) em um texto substitutivo ao projeto original, apresentado há 12 anos, pelo então deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), hoje licenciado.
Segundo o parágrafo 4º do artigo 6º do projeto, “a família é a base da sociedade e, quando exibida na propaganda comercial, institucional ou governamental, deverá observar a unidade familiar prevista no artigo 226, §3º da Constituição Federal”. Isso significa que só poderão aparecer em propagandas famílias formadas por homem e mulher. Estariam excluídas, portanto, famílias de pais solteiros, que criam seus filhos sozinhos, ou de homossexuais, formadas por dois homens ou duas mulheres.
Em seu relatório, o deputado Zimbaldi diz que “os meios de comunicação, como a televisão, rádio e a internet representam cada vez mais um relevante papel na formação, não só de conhecimento, como também moral das crianças” e, por isso, “é necessário que haja uma legislação específica que regule a publicidade dirigida ao público infantil”.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) se manifestou, via Facebook, na tarde desta terça (09/07), contrário ao projeto. Para ele, o projeto quer transformar aqueles que não têm “família de margarina” em sujeitos “sem família alguma”. “Será que esta é a forma de tornar as pessoas mais tolerantes com o próximo e menos preconceituosas? Ou será que é apenas forma de reforçar preconceitos e a intolerância contra crianças sem o nome do pai ou da mãe no documento? Ou criar uma consequência futura para crianças registradas com o nome de dois pais ou de duas mães, amparada em lei?”, questionou Wyllys.
O projeto, que deve ser votado na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), segundo a Câmara dos Deputados, penaliza, caso não se cumpra a lei, tanto o anunciante, quanto as agências de publicidade e os veículos de comunicação. 

E você, o que pensa sobre isto? 

Disponível em: http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4216536272785934584#editor/target=post;postID=9178016753989817912

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Dos quadrinhos ao mundo real...


A homossexualidade segundo um livro infantil alemão


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Um livro infantil alemão dá uma aula sobre amor, humanidade e consciência. A tradução da postagem original foi feita em inglês, traduzirei aqui para o português. Começa assim: “No ano passado mamãe e papai se divorciaram. Papai agora vive com o seu amigo”

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Papai e seu amigo Frank estão vivendo juntos. Eles trabalham juntos,

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Comem juntos, dormem juntos,

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Se barbeiam juntos e as vezes até brigam um com o outro.

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Mas no fim sempre fazem as pazes. Frank também me ama.

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Ele me conta piadas, assim como papai costuma fazer. Ele pega insetos para o meu projeto de ciência da escola.

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Ele lê histórias para mim e me faz sanduíches,

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… e me acalma quando tenho um pesadelo. Nos feriados EkmJ9wR
 
No zoológico, na praia,
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trabalhamos juntos no jardim e cantamps músicas ao anoitecer.

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Minha mãe diz que Frank e meu pai são homossexuais. A princípio eu não entendi direito, mas ela me explicou.

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Homossexualidade é apenas um outro tipo de amor, e amor é a única maneira de ter felicidade.

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Papai e seu amigo são felizes juntos, e assim eu sou feliz também.
  

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Parada Gay pretende reunir 30 mil pessoas em Palmas

Além da capital, mais cinco municípios vão participar do evento.
Debates, festas e marcha fazem parte da programação da Parada.

Desde a segunda-feira (1º) até o próximo domingo (7), o grupo que compõe o movimento LGBT no Tocantins promove pela décima vez a Parada da Diversidade do Tocantins. Até o ano passado o evento trazia o nome Parada LGBT de Palmas, mas por causa da participação de pessoas de outros municípios do estado mudou de nome.
A previsão é de que 30 mil pessoas compareçam na Parada 2013. Um número alto comparado com o da primeira edição do evento, em 2003, quando 100 pessoas compareceram. Segundo o presidente do Grupo Ipê Amarelo de Conscientização e Luta pela Livre Orientação Sexual (GIAMA), Henrique Ávila, o aumento reflete a quebra de preconceitos na sociedade. "O grupo LGBT está cada vez mais seguro e confiante para se revelar". O evento deve receber caravanas dos municípios de Araguaína, Paraíso, Porto Nacional, Gurupi e Augustinópolis. No ano passado, segundo o Giama, 15 mil pessoas participaram do movimento.
O tema da parada no Tocantins deste ano é "Igualdade, Respeito e Cidadania. Tocantins livre da Homofobia já!”, fazendo menção a um problema combatido há anos pelo movimento LGBT no Brasil. De janeiro de 2002 até junho deste ano, segundo informações do GIAMA, 33 pessoas que fazem parte deste grupo foram assassinadas no estado. O presidente do Grupo Ipê Amarelo informou ainda que de janeiro até agora foram registradas 150 denúncias de crimes de violação de direito, sem mencionar aqueles casos, nos quais as vítimas preferem se silenciar.
Segundo o Giama, 15 mil pessoas compareceram à Parada Gay ano passado em Palmas (Foto: Henrique Ávila) Sobre o problema, Henrique Ávila disse que uma das bandeiras do GIAMA para este ano é trabalhar para que seja criada na Polícia um setor que cuidará especificamente dos crimes de homofobia.
A Parada da Diversidade 2013 não será marcada por protestos, segundo Henrique Ávila. O presidente do Giama disse que a edição deste ano terá como foco a paz e será conhecida como parada do amor. "Esperamos que a parada seja ainda mais tranquila que a do ano passado", disse ele.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Meninas que jogam futebol e meninos bailarinos falam sobre preconceito

Na Copa das Confederações de Neymar, Fred e cia., que termina amanhã, não há espaço para meninas. Mas elas estão dando um jeito de invadir o campo de futebol.
As gêmeas Laís e Larissa Martins, 11, sabem bem que esse não é um esporte só para os homens.
 
Elas fazem parte de um time de futebol mirim do Rio. Foi Laís quem se interessou primeiro pelo esporte, influenciada pelo irmão mais velho.
Ela começou no Vasco da Gama, jogando com meninos, e chegou a disputar um torneio com a equipe. "Os meninos falavam 'Essa menina não joga nada'. Mas, quando entrei em campo, viram que eu jogava bem", contou Laís, que sonha em entrar para a seleção brasileira.
Ela não se incomoda com as pessoas que acham que o esporte é coisa de menino: "Bobagem, meninas jogam muito bem".
Larissa tem uma reclamação a fazer: "Tem mais torneios para meninos".
As duas são fãs de Marta, da seleção brasileira. A jogadora acha que há preconceito. "No Brasil, a modalidade é considerada amadora, não há liga profissional."



Jônatas (à esq.) e Denílson fazem balé; Larissa (com a bola) e Laís treinam futebol
Jônatas (à esq.) e Denílson fazem balé; Larissa (com a bola) e Laís treinam futebol
 
BAILARINOS
 
Assim como jogadoras de futebol, meninos que fazem balé sofrem preconceito. Denílson Afonso, 12, faz balé há quatro anos e quer ser profissional como seu ídolo, o bailarino russo Mikhail Baryshnikov.
Apesar do apoio da família, sofre com colegas. "Já sofri muito bullying na escola. Acho idiotice, cada um faz o que quer."
"Eles são excluídos. Nem podem pedir para ir ao banheiro porque tem alguém esperando no corredor para brigar. E são chamados de 'bailarina'", disse a mãe de Denílson, Ionai Afonso.
Colega de Denílson na escola de dança, Jônatas Lopes, 11, estuda balé há seis anos. Ele também convive com as provocações na escola e já foi até agredido uma vez por colegas.
"Muitas pessoas me zoam e outras não. Para mim, isso não tem nada a ver. Algumas coisas que são para menina também podem servir para meninos", disse Jônatas.
E os homens têm papel de destaque nos palcos. O brasileiro Thiago Soares, por exemplo, é o principal bailarino do prestigiado Royal Ballet de Londres desde 2006. Ele diz que hoje há mais espaço para os homens. 

Mattel não produz bonecas com corpos mais realistas?




Professores homens são raros no Ensino Infantil

Celso Luiz/DGABCMenos de 1% dos professores que atuam na Educação Infantil – com crianças com idade entre zero e 5 anos – na rede municipal de ensino do Grande ABC são homens. A grande maioria dos educadores que lidam com essa faixa etária de aprendizado, a primeira etapa da Educação básica, é mulher – 5.626 no total, espalhadas por cinco das sete cidades da região.
São várias as explicações para a disparidade observada em todas as cidades. A primeira delas é o aspecto cultural, explica o secretário de Educação de São Caetano, Daniel Contro. “Geralmente o professor homem tem mais dificuldade de trabalhar com essa faixa etária porque, culturalmente, a tarefa de cuidar dos filhos, como trocar fraldas, é da mãe”, diz. Na cidade, por exemplo, são 400 professoras neste ciclo escolar e nenhum homem.
Diadema é o município com maior quantidade de homens lecionando na Educação Infantil – 18 professores. Em contrapartida, são 915 professoras. Na cidade vizinha, São Bernardo, a rede de ensino direcionada a crianças entre zero e 5 anos tem 2.120 docentes mulheres e apenas 12 homens. Já Santo André apresenta quadro de oito educadores e 691 educadoras. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam.
É importante destacar que não há restrição para que homens sejam contratados para exercer cargos na Educação Infantil dos municípios, tendo em vista que a seleção dos profissionais ocorre por meio de concurso público. De acordo com o secretário de Educação de Santo André, Gilmar Silvério, é notado crescimento no número de homens que se inscrevem para pleitear a carreira nos anos iniciais do magistério nos últimos anos. Para ele, a mudança mostra vitória em relação a preconceitos, identidade e questões de gênero.

BENEFÍCIOS

A presença de educadores homens no primeiro ciclo da Educação Básica é fundamental para que as crianças passem a ter referência masculina em seu dia a dia, explica Contro. “É curioso o fato de que as crianças têm convivência mais intensa com mulheres nesta fase da vida, seja em casa, porque ficam com a mãe, empregada ou babá, ou na escola, com professoras. É importante que elas aprendam que o universo feminino não é o único existente”, destaca.

Amor à profissão e aos alunos é capaz de superar preconceitos

“Para as crianças pouco importa se o professor é homem ou mulher”, destaca o educador do Ensino Infantil da rede municipal de Santo André, Fernando Detognin, 54 anos. Apaixonado pela profissão e pelos alunos, o educador revela que o preconceito geralmente é revelado por parte dos pais das crianças. “Eles têm medo que a gente seja bruto com os alunos e tem receio de pedofilia”, comenta.
Apesar de sempre gostar de crianças e dar aulas de reforço para colegas quando era estudante, a formação inicial de Detognin foi Educação Física. O magistério apareceu por acaso, após prestar concurso para atuar como monitor em creche. “Foi ali que vi a necessidade de fazer Pedagogia”, comenta o educador, que se especializou em Educação Infantil na USP (Universidade de São Paulo).
Na sala de aula, as diferenças entre homens e mulheres não interferem no aprendizado, garante Detognin. “Acho que as mulheres são mais detalhistas e mais mães dos alunos. Os homens já são mais práticos e trabalham o diálogo e a organização coletiva.”
E, de fato, para as crianças não há diferença pedagógica em ter professores homens ou mulheres. “Os dois são iguais para dar bronca, mas a prô mulher grita mais e o prô homem fala baixo”, considera a pequena Isabela Taketo, 5 anos, aluna da Emeief Airton Senna da Silva, em Santo André.

Estudante de Pedagogia planeja carreira com crianças

Diferentemente da maior parte dos colegas de sala, o estudante do 5º semestre do curso de Pedagogia da Anhanguera UniABC Daniel Terentim Baseggio iniciou o segundo curso superior porque deseja trabalhar na Educação Infantil.
Depois de se formar em Filosofia, o estudante diz que se viu influenciado pelo criador da psicanálise, Sigmund Freud, a atuar com crianças. “Acredito que meu interesse é mais pelo lado terapêutico. Além disso, não vejo dificuldade em lidar com os pequenos, como a maior parte das pessoas tem”, garante.
Para ele, a criança, que já está acostumada com a figura feminina busca no professor homem a aprovação masculina. “As crianças não apresentam um padrão, cada uma traz consigo uma característica familiar e isso é muito interessante”, completa o estudante.
Os alunos mais novos, que ainda estão na primeira etapa da fase escolar, geralmente são mais ativos e têm necessidade maior de se relacionar afetivamente com as demais crianças, explica o filósofo e participante de projeto de iniciação científica da instituição. “Acredito que os professores acabam aprendendo com as crianças”, diz Baseggio.
Para ele, o educador é peça fundamental para que o aluno consiga se sociabilizar e se desenvolver futuramente. 

Transitar em outro gênero é curiosidade de criança, mas comportamento insistente merece atenção

Diagnóstico de disforia de gênero é melindroso e Brasil adota postura de cautela apesar de já ter diminuído a idade para a cirurgia de correção do sexo

 

Gênero é o conjunto de características que identifica a pessoa. Na infância, os caracteres sexuais secundários não se manifestam (Valeria Mendes/EM/D.A Press)

Gênero é o conjunto de características que identifica a pessoa. Na infância, os caracteres sexuais secundários não se manifestam
Hoje era o dia de levar brinquedo para a escola, o que levou?
A Barbie.
Zombaram de você?
O Vitor pegou a Barbie e mostrou para todo mundo me chamando de mulherzinha.
Você precisa aprender a se defender, filho...
Só por que eu brinco de boneca não significa que sou menina. Meu pai não cuidou de mim, por que não posso cuidar de boneca?
Então é isso que você vai dizer aos colegas da próxima vez.

Joana* é mãe de Francisco*, de 6 anos, e Pedro*, de 7. Desde os 3 anos do caçula, começou a ficar intrigada pelo fato de o menino não se empolgar com qualquer presente que recebia. “Notava que meu filho sorria e me perguntava: ‘do que ele gosta’? Nessa mesma época da vida do Pedro, tudo virava carrinho na mão dele”, observa a mãe. Aos 4, Francisco e os pais iniciaram um acompanhamento terapêutico. “Eu queria dar a Barbie para ver se ele se alegrava com algum presente, mas a orientação é que nós [os pais] não podíamos dar a boneca, mas se ele ganhasse de outra pessoa não teria problema, segundo o terapeuta”, relembra Joana.

Foi das mãos de uma coleguinha da escola que o menino recebeu a boneca no dia do aniversário. Joana conta que a mãe da garotinha se aproximou constrangida explicando com todo o cuidado que a filha insistiu muito para que aquele fosse o presente. Despachada, Joana tranquilizou a outra mãe e, finalmente, Francisco foi agraciado com o brinquedo que tanto queria.

Para Francisco, o que existe é a vontade de brincar com a boneca. Já para muitos adultos, e até para as crianças socializadas por eles, o interesse do garoto causa estranheza e desperta questionamentos sobre o significado desse comportamento.


Em contraponto ao fatalismo de rótulos precipitados, o professor de psiquiatria infantil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Arthur Melo e Kummer, provoca: “se você pudesse imaginar uma máquina em que as pessoas pudessem entrar e sair como alguém do sexo oposto, quantas pessoas entrariam por curiosidade?”, pergunta.

O especialista cita dados de pesquisas realizadas nos Estados Unidos que mostram que a curiosidade ou interesse em ocupar o lugar do outro gênero é mais comum nas meninas do que nos meninos durante a infância. “Varia entre 2 a 4% no caso dos meninos e entre 5 a 10% de meninas”. Na adolescência, o desejo de “bisbilhotar” o gênero oposto também prevalece entre as garotas. “Entre os meninos fica em torno de 10% e, nas meninas, a incidência é de 20%”, completa. Para Arthur, é uma frequência relativamente alta de, em algum momento, desejar pertencer ao sexo oposto. “Isso não é patológico, existem vantagens e desvantagens de ser de cada gênero”, observa.

O outro gênero: mistério e curiosidade
“Ele não pode confundir o gênero. Precisamos dar a certeza ao Francisco de que ele é um menino. Desde que ele entenda quem ele é, poderá fazer a escolha que quiser”, sentencia Joana. Segundo ela, o filho se identifica mais com o universo feminino. “Minhas amigas brincam: ‘ele é você colorida’. É até aflitivo”, conta. Em função da profissão, a belo-horizontina precisa viajar muito e Francisco ficava mais sob os cuidados do pai. “Ele falou cedo, a evolução da linguagem dele é absurda... O Francisco sempre se expressou com muita clareza e autenticidade e uma das coisas que ele me disse em um retorno de viagem foi: ‘você ainda é da nossa família?’”, relembra. Em outra ocasião, o pequeno também soltou: “mamãe, você mora nessa casa ainda?” A mãe chegou a imaginar que as ausências frequentes tivessem relação com o comportamento do filho, hipótese que depois descartou. “Eu voltei a ficar mais em BH e ele continua com esse gosto”, afirma Joana.

A mãe conta que aos 4 anos “ele enlouqueceu com a figura da sereia. Tudo era a sereia, cabelo tem que ser grande, o caderno rosa. Ele imitava cantoras e canta muito bem, desenha lindamente e escreve muito bem. O que ele vai ser eu não sei, mas ele representa a mulher em tudo”, observa. De uma amiga da mãe, Francisco ganhou a Barbie Sereia que precisou vir de fora do Brasil, já que por aqui não se vendia ainda. “Respeito a sensibilidade dele, mas trato essa Barbie como qualquer outro brinquedo dele ou do meu outro filho”, diz ela.
Se você pudesse imaginar uma máquina em que as pessoas pudessem entrar e sair como alguém do sexo oposto, quantas pessoas entrariam por curiosidade? (SXC.hu/Banco de Imagens)Se você pudesse imaginar uma máquina em que as pessoas pudessem entrar e sair como alguém do sexo oposto, quantas pessoas entrariam por curiosidade?
Joana conta uma história que aconteceu na escola que revela a personalidade autêntica do filho: “a professora me contou que estavam preparando a encenação de uma peça de teatro e escolhendo os papeis. Ela perguntou quem queria fazer a madrasta e o Francisco respondeu empolgado “eu, eu”. As coleguinhas da turma retrucaram argumentando que ele não poderia fazer a personagem porque era um menino. A educadora, tentando mediar a situação, sugeriu então que a personagem fosse mudada para padrasto. Foi então que Francisco retrucou: “então eu não quero” e foi para o fundo da sala.

“Queremos fortalecê-lo porque ele já se magoou com zombaria”, afirma a mãe. Apesar de Francisco já ter verbalizado que preferia ter nascido menina, a mãe lembra que ele perdeu a empolgação com a boneca como já deixou de lado outros brinquedos, comportamento comum da infância. O pequeno até se “livrou” da primeira Barbie que ganhou passando o presente para uma coleguinha, mas não sem antes customizá-la. “Ele mudou o cabelo e com saquinhos de pipoca fez uma roupa nova. Eu não vi, mas meu marido disse que a boneca ficou sensacional”, conta.

Da boca do filho saem muitas frases de efeito e uma que Joana gosta muito é: “Eu não quero ser o Clodoaldo Valério, mãe”, se referindo ao personagem interpretado pelo ator Marcelo Serrado em uma novela. Ela também ouviu da professora do filho que o menino não é lembrado na turma como alguém que gosta de brincar de boneca, mas como quem lê melhor, escreve melhor, desenha melhor e canta melhor.

O interesse e flerte com o outro gênero na primeira infância pode ou não significar um comportamento que vai seguir até a adolescência e a vida adulta. Há situações, entretanto, em que o desconforto e não aceitação do corpo, desde os primeiros anos de vida, é tão intenso que indica a existência de uma condição irredutível.


 

De que forma estamos lendo as propagandas?

De que forma estamos lendo as propagandas? Como as imagens nos tocam? O que elas querem dizer? Em que consiste a provocação?
 
Para pensar sobre a Erotização dos corpos infantis buscamos as imagens das propagandas de sandálias de plástico realizada no Brasil veiculadas pelas revistas - Caras, Cláudia, Capricho nos meses de novembro e dezembro de 2002, para o verão de 2003.

As propagandas foram protagonizadas por meninas (pré-adolescentes), porém os seus rostos foram propositadamente substituídos por rostos de bonecas. Acreditamos que essa estratégia utilizada pela agência de propaganda, muito além de caracterizar simplesmente as mudanças corporais e comportamentais da menina ao entrar na puberdade, estabelecendo assim um misto de ingenuidade e sedução, tenha sido também uma forma de se preservar de possíveis acusações, na medida em que tais propagandas, de certa forma, podem estimular práticas de pedofilia. (FELIPE, GUIZZO, 2003, p. 125 - Pro-Posiçães, v. 14, n. 3 (42) - set./dez. 2003)
 
Ver mais sobre esta reflexão no texto: EROTIZAÇÃO DOS CORPOS INFANTIS E A SOCIEDADE DE CONSUMO.