segunda-feira, 12 de maio de 2014

Projeto busca dar visibilidade e gerar debate sobre direitos da população LGBT

DivulgaçãoUma provocação: Eu te desafio a me amar. Este chamado é o título do projeto da artista visual holandesa/uruguaia Diana Blok, que busca colocar em foco a identidade sexual e a diversidade das relações afetivas, além de se prestar a ser um ponto de partida para um debate sobre direitos. As atividades do projeto tiveram início no dia 25 de abril e seguem no Rio de Janeiro e Brasília até o fim de maio, mês em que se comemora o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, 17.

A iniciativa consiste na exposição de fotografias de personalidades, famílias e militantes LGBT. Entre os fotografados estão artistas como Ney Matogrosso, Ellen Oleria e Rafucko; João Nery, primeiro homem transexual a ser operado no Brasil; Tatiana Lionço, ativista feminista e membro fundadora da Cia. Revolucionária Triângulo Rosa; Marcelo Caetano, primeiro aluno da UnB a ter o direito de usar o nome social; Gustavo Bernardes, coordenador LGBT da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, e Jean Wyllys, deputado federal que defende os direitos da população LGBT. Será produzido um catálogo bilíngue com fotos e textos.

Além da exposição, está sendo realizada a mostra do documentário também batizado de ‘Eu te desafio a me amar’, e a realização de debates sobre temas que possam dar visibilidade às demandas e aos direitos humanos da população LGBT. O projeto está sob a responsabilidade do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

No Brasil, Diana realiza esse trabalho de ativismo visual desde 2013. Em entrevista à Adital a artista explica o que a motivou a se debruçar sobre esta temática.

"Eu me sinto parte da diversidade LGBT. Todas as pessoas que fotografei refletem uma parte de mim. É por isso que eu me sinto privilegiada em poder fazer esse projeto. Primeiro na Turquia, em 2008, e agora no Brasil. Eu amo a diversidade desse mundo e quando as pessoas querem colocar limites e padrões para servir seu próprio ideal egoísta, eu acho uma atitude fechada e muito prejudicial. É inacreditável que tenha crescido tanto a violência contra a população LGBT, já que devemos considerar que as diferenças são parte da beleza do ser humano. Todo ser humano tem o direito de escolher sua orientação sexual e não deveria ter que lutar contra isso”, defendeu a artista.

Diana revela que foi a Embaixada da Holanda em Brasília que sugeriu a realização do trabalho no Brasil devido ao aumento dos números de violência contra pessoas LGBT no país. Ela acredita que a iniciativa de ativismo visual pode ser transformadora e colaborar para a redução do preconceito e da homofobia.

"Eu faço esse trabalho porque sinto que se podem mudar percepções, visões e simplesmente informar as pessoas que existem outras realidades infinitas e maneiras de ser um individuo que se sente completo. É um caminho doloroso para a população LGBT porque nossos pais já têm uma projeção do que ‘seremos’ ainda quando estamos em formação na barriga de nossas mães. (...) A arte é um meio poderoso para expressar tanto a repressão, como a beleza. A arte abre os olhos e cria diálogos. Eu trabalho com a esperança de compartilhar a minha visão e abrir corações!”, expressa a artista.

Por onde passou o projeto causou forte impacto. A fotógrafa considera esta reação positiva, pois de alguma forma as pessoas foram tocadas, o que demonstra interesse e abre oportunidade para ela continuar a explorar estas questões.

"Uma sociedade preconceituosa causa muita tristeza e todo ser humano quer estar tranquilo e feliz. Os direitos humanos são universais e são compartilhados. No meu trabalho fotográfico, busco a beleza interior e a força de cada pessoa que se coloca na frente da minha lente, talvez porque eu também queira me sentir assim!”.

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