Por Julio Cavani, do Diario de Pernambuco
Flores raras, exibido na abertura do Festival de Cinema de
Gramado, tem uma importante contribuição a oferecer para a questão do
respeito à diversidade sexual no Brasil. Protagonizado por Glória Pires e
Miranda Otto (O senhor dos anéis), sob direção de Bruno
Barreto, o filme retrata a relação de amor entre a arquiteta brasileira
Lota de Macedo e a escritora norte-americana Elizabeth Bishop. O filme
estreia por aqui na próxima sexta-feira (16).
O longa, que já passou pelos festivais de Berlim e Toronto, será
lançado no circuito nacional de cinema comercial e, com ajuda da fama e
do sucesso de Glória Pires, deve enfrentar preconceitos de forma inédita
no mercado cinematográfico. Antes da projeção, Glória Pires recebeu o
Troféu Oscarito pelo conjunto de sua obra. Ela dedicou o prêmio aos
produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto e todos os cineastas que a
dirigiram.
Conservador
“O Brasil ainda é um país extremamente conservador”, criticou o cineasta Bruno Barreto na entrevista coletiva do filme Flores raras, sábado pela manhã. Em seus depoimentos para a imprensa, tanto ele quanto as produtoras do filme Lucy Barreto e Paula Barreto (sua mãe e sua irmã), revelaram as dificuldades enfrentadas para se conseguir financiar o longa-metragem, que retrata o amor entre duas mulheres. “A homossexualidade é um tema importante na história. Tive que pedir empréstimo ao banco pessoalmente para conseguir terminar o filme”, revelou o diretor.
No começo da entrevista, Bruno Barreto agradeceu e parabenizou o
banco Itaú e a Globo Filmes por aceitarem associar suas marcas à
temática homossexual: “Foi difícil levantar recursos. Se não fosse a
coragem deles, nós não estaríamos aqui.” Flores raras será
lançado no Brasil em 150 cinemas simultaneamente. “Representantes de
muitas empresas gostaram do projeto, mas confessaram que não queriam
associar suas marcas a um filme sobre o amor entre duas mulheres”,
denunciou Paula Barreto.
“Esse filme chega em um momento em que esse assunto está em alta no
mundo todo”, complementou Glória Pires, que interpreta a arquiteta Lota
de Macedo Soares: “Espero que o filme possa ajudar as pessoas a
encararem essa situação de forma mais normal, que coloque os seres
humanos com os mesmos direitos.”
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