quarta-feira, 30 de julho de 2014

Mudança de Hábito: Sobre maternidade e paternidade


Ser pai, ser mãe, solteiro ou casado com alguém do mesmo sexo, o que importa é amar sua família!

Acredito que muitos aspectos da modernidade têm sido involuções na vida humana... Hoje em dia, amigo é qualquer um que lhe adicione ao Facebook. Saudade não é mais o que era nos tempos passados, nem relação afetiva, nem respeito ou consideração verdadeira.

Contudo, saudosismo sem proposta de evolução me parece bobagem. É bem verdade também que a hipocrisia, muitas vezes, tem cedido à consciência, que novos pensamentos e oportunidades, antes inimagináveis, também.

Assim tem sido com a abertura humanizada de algumas pessoas que reconsideram a bobagem engessada daquilo que outrora era ditado como certo e errado.

Hoje, já podemos falar e viver mais livremente. Tipos de famílias constituídas de maneira alternativa às tradições (que eram e são muitas vezes hipócritas e esvaziadas de sentido afetivo verdadeiro) aparecem cada vez mais.

"Nasci com sorte, tenho duas mamães!"
Família, segundo minha concepção, é todo e qualquer núcleo constituído por seres que se amam, se defendem e se protegem das agruras do mundo externo. Bichos que somos, família é quem mora na mesma toca (ou em outra...) mas que sabe como lamber a ferida do outro e como fazer uma canja na hora da gripe. Mais abraça do que briga, mais aceita do que critica...

Antes e invariavelmente, formada por papai, mamãe e filhinhos, talvez com um bicho de estimação e gerânios na janela, agora, espero eu, cada vez mais, formada apenas pelos motivos que deveriam ter sido os únicos desde sempre – afeto e solidariedade.

O modelo vigente tem demonstrado ser romântico, arcaico e geralmente falso... Família de verdade pode ser constituída das mais variadas formas possíveis: uma mãe e nenhum pai, dois avós e um tio, duas mães, dois pais, uma mãe e um pai... Quem deveria se importar com isso? Família deveria ser definida acima de qualquer coisa, como um núcleo íntimo de amor e proteção.

"Eu só tenho um papai, mas tudo bem! Ele cuida de mim com todo o amor que eu preciso!"
Maternidade e paternidade, penso eu, deveriam ser também revistos, à luz da consciência e afeto, e não da tradição heterossexual normativa.

Elejo aqui a maternidade como uma referência para essa reflexão – penso que do mesmo modo que condição de gênero não passa pelo que se tem biologicamente no meio das pernas, a maternidade também não – maternar é um termo que deve necessariamente ser compreendido sob um ponto de vista mais humano e abrangente – apenas assim nossas consciências poderão ser ampliadas e nenhum amor será derramado no vazio inutilmente. Deve ser um termo ressignificado exaustivamente, até que seu sentido retorne ao lugar de onde nunca deveria ter saído – maternar é amparar, amar, educar... É estar pelo outro que necessita de continência, apenas porque é mais frágil, porque veio ao mundo depois de nós ou em condições mais frágeis... Quanto mais pudermos oferecer ferramentas éticas, valores compatíveis com a gratidão de viver no amparo, generosidade e alteridade, mais teremos maternado algum ser vivente...

"Minha mãe é a maior! Somos só eu e ela, mas nos amamos muito!"
Tenho sido mãe e filha muitas vezes... Mãe de minhas filhas, de meus pais, amigos, clientes da psicoterapia, plantas e animais... Filha de meus animais, plantas, amigos, e pais...  Coisa boba e pobre fechar um conceito tão lindo e amplo numa condição de espécie ou gênero!

Nesse mundo, veloz e cheio de novos paradigmas, ando estranhando quem não entende a simples e afetiva equação: Pessoas juntas, que se amam e querem o bem, dão certo!!!!!!!!

"Nasci loiro e tenho um pai branco e outro negro. A gente se ama pra caramba!"
Maternar provavelmente seja a condição mais humanizada de nossa existência; por dois pais, duas mães, três avós ou qualquer outra configuração... Amor e cuidado jamais tem contra indicação!

Sejamos mães de alguém, apenas assim acredito que saberemos a real essência do amor...

Sou pelas novas e amorosas configurações possíveis... Tem tanta criatura abandonada nessa vida... Desejo que quem puder, materne sempre... Seria absurdo pensar, a essa altura de nossa história, que algum tipo de afeto verdadeiro causasse danos a alguém... Estragos estão ligados a abandono, solidão e desamor... Jamais à constituição familiar amorosa; que sejamos na medida das nossas possibilidades cuidadores e vigilantes da vida...

Abraços carinhosos!

DICA EM NEON: VOCÊ CONCORDA COM ESSE ARTIGO?
Aproveitamos o texto de nossa colunista Ana Kiyan sobre FAMÍLIA, para pedir seu voto na enquete da Câmara dos Deputados que pergunta: Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?

O PL 6583 estabelece que família é a união entre um homem e uma mulher, excluindo diversas famílias (pais/mães solteiros, casais homoafetivos, etc).

Digam "NÃO" a esse projeto de lei discriminatório!!!


Existe ligação entre sexualidade e brinquedos infantis?

Assim que você se torna pai diversas preocupações aparecem na nossa cabeça. Será que a criança vai desenvolver a coordenação motora direito? Será que vai ter algum problema de fala? Será que enxerga bem? E essas perguntas são só as mais racionais — pais não são nada racionais e viajam num mundo com 7 mil vezes mais perigos do que o nosso.
Mas uma preocupação bastante frequente e que, na minha cabeça e de muita gente, não faz sentido é a relação dos brinquedos com a sexualidade da criança. Na melhor — ou pior? - linha de pensamento "azul é para menino e rosa para menina", os pais acreditam que garotos não podem nem tocar numa boneca e meninas não são permitidas nas brincadeiras de carrinho.
Calma, vamos tentar entender. Primeiro de tudo, rosa e azul nem sempre foram cores de garotas e garotos, respectivamente. Na década de 1910, por exemplo, rosa era cor de macho. Isso mesmo. Na época as pessoas acreditavam que a dramaticidade e força do rosa eram a cara do homem.
Isso quer dizer que seu avô ou bisavô passou a infância vestido em cor de rosa. Isso mudou alguma coisa na forma dele se relacionar com o mundo ou em sua orientação sexual? Não. E, sim, existiam gays naqueles tempos.
Na última semana uma imagem que discutia o assunto dos brinquedos fez sucesso no Facebook. Olha só:
A explicação faz sentido e as imagens, de meninos e meninas brincando com o mesmo tipo de brinquedo, também. Muitas escolas brasileiras já adotam a postura de não reprimir a escolha da criança na hora da brincadeira e o resultado são crianças menos frustradas e inseguras.

Homens têm filhos, portanto não há problema em brincar de boneca, assim como arrumam a casa, passam roupa, cozinham e levam o cachorro para passear. Por outro lado, mulheres dirigem, fazem consertos e praticam esportes. Qual seria o problema de "treinar" tudo isso desde criança?
Na Suécia, uma empresa criou um catálogo de brinquedos sem distinção de gênero. O mesmo ainda não acontece no Brasil, mas as coisas estão caminhando para receber essa transformação. E talvez seja ela o caminho para que serviços domésticos sejam mais bem divididos e o respeito entre os gêneros se fortaleça.
Hoje, uma das maiores dificuldades apontadas pelas mulheres na hora de explicar por que perdem toda aquela libido da época do namoro é a falta de divisão das tarefas domésticas. Que tal ajudar nossos filhos a terem uma vida mais feliz e sem amarras?

casa Susana

Fotos mostram que nos anos 50 já existiam homens questionando identidade de gênero

Casa Susanna: um refúgio no meio dos anos 50Casa Susanna: um refúgio no meio dos anos 50
Sempre que falamos sobre transexualidade aparece algum comentário dizendo que isso é sem vergonhice e que só acontece hoje, com a “ditadura gayzista” – adoro essa expressão, acho engraçadíssima. Mas um conjunto de fotos encontradas em um mercado de pulgas mostra que nos anos 50 alguns homens já questionavam seu gênero.
A Casa Susanna era esse lugar. Um ambiente seguro para que homens pudessem vestir-se como queriam e sentir-se bem consigo mesmo. Em um época que cobrava papéis de gênero bastante rígidos – mulheres cuidam da casa e da família, homens gostam de carros e guerra - , esse refúgio era um oásis.



Entre os anos 50 e 60, a casa em Catskills, Nova York, abrigava homens que não queriam participar do status quo. Eles queriam se vestir como mulheres e isso não mudava sua orientação sexual: continuavam sentindo-se atraídos por mulheres.
O que mudou hoje em dia é que as pessoas cansaram de se esconder. Ser fiel com quem se é de verdade se tornou mais importante ainda e as ruas passaram a receber – de braços nada abertos – esses homens e mulheres que questionam os papéis que a sociedade os cobra de exercer.

Lembrando, mais um vez, para quem ainda não entendeu:
1 - Pensando no sexo biológico de maneira binária, todo mundo nasce com pênis ou vagina. Isso é o sexo biológico, mais nada. – E aqui estamos deixando de lado as pessoas intersexuais, que nascem com os dois órgãos sexuais, mas os médicos costumam fazer a escolha por elas antes mesmo de que os bebês saiam do hospital.
2 - Identidade de gênero é a forma como você se sente. Você pode ter um pênis e se sentir uma mulher. Seu sexo biológico pode ser diferente da sua identidade de gênero. Para mudar isso e os papéis impostos ao seu gênero, as pessoas se vestem da maneira que querem, tomam hormônios e, algumas vezes, fazem cirurgias.
3 - Orientação sexual diz respeito a atração romântica e sexual. Ela não tem ligação nenhuma com seu sexo biológico ou identidade de gênero, é algo totalmente independente. Você pode nascer com vagina, identificar-se como homem e sentir-se atraído por mulheres. Ou homens. Ou por ninguém.
4 – Um homem continua sendo homem quando é gay. Um homem deixa de ser homem quando se identifica como mulher. O mesmo acontece com as mulheres. Orientação sexual não muda gênero, mas identidade de gênero, muda.
As fotos foram encontradas pelo comerciantes de antiguidades Robert Swope, inspiraram a peça teatral Casa Valentina e deram origem ao livro “Casa Susanna”, de Michel Hurst e Robert Swope.

Procurador-geral da República defende equiparação da homofobia ao crime de racismo


Procurador-geral da República defende equiparação da homofobia ao crime de racismo
Em parecer enviado ao STF, Rodrigo Janot sugere que esta seria uma das alternativas à falta de uma lei específica votada pelo Congresso Nacional
Por Redação
O procurador-geral da República Rodrigo Janot encaminhou parecer ao Supremo Tribunal Federal no qual defende que a homofobia seja equiparada ao crime de racismo. De acordo com Janot, esta seria uma das alternativas à falta de uma lei específica. A pena para quem pratica, induz ou incita a discriminação e preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é de reclusão de um a três anos e multa.
Janot também considerou que, enquanto o Congresso Nacional não criar uma legislação específica, os dispositivos previstos no Projeto de Lei 122/06 poderiam ser aplicadas, ou as que constam no projeto de Código Penal que tramita no Senado. Janot considera que há “clara ausência” de norma que legisle sobre a questão e que tal cenário inviabiliza a liberdade de orientação sexual e identidade de gênero.
De acordo com o procurador-geral da República, a legislação atual não dá conta da discriminação em razão da orientação sexual e que o Congresso Nacional já deveria ter tipificado como crime a homofobia e, portanto, é “importante” que o STF se manifeste para que uma norma que criminalize a homofobia seja criada. Para tanto, em seu parecer sugere o prazo de um ano.
Histórico
Por conta do engessamento do trâmite do PLC 122/06 no Congresso Nacional, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) entrou com uma ação no STF pedindo a criminalização da homofobia e da transfobia.
Ricardo Lewandowski, ministro relator, negou o pedido “ao entender que não há em jogo direito subjetivo consagrado na Constituição cujo exercício fosse impedido pela ausência de lei específica”. A ABGLT recorreu por meio de agravo de instrumento.
Em seu entender, Rodrigo Janot diz que é possível aplicar a Lei do Racismo a todas as formas de homofobia e transfobia. Diz também que o STF pode acolher o pedido da ABGLT, onde sugere que a própria corte regulamente dispositivos constitucionais apontados como “carentes” no Legislativo, até que uma lei específica seja editada.

Sexualidade, assunto de todos os professores

Sexualidade, assunto de todos os professores

 | Sexualidade
Oi, gente. O texto da semana passada deu o que falar! Foi nosso recorde de audiência, com mais de 800 visualizações em apenas um dia. Contei sobre uma saia-justa enfrentada por um professor de Matemática quando um grupo de alunas tentou erotizar um conteúdo. Pois é: muitas vezes, a Educação Sexual surge das demandas dos alunos no cotidiano escolar. Quando o professor menos espera aparecem na sala de aula, ou numa conversa no corredor, questões e/ou situações que não foram articuladas previamente pela sua área curricular. E aí não importa se o docente é de Geografia, História, Educação Física… É preciso abordar a questão quando ela surge.
E quando isso acontece, é comum eu ouvir o seguinte:
- Mas Maria Helena, eu não fui formado pra isso! Como devo agir?
Sim, reconheço a dificuldade em tratar deste assunto e também a carência da formação de professores nesta área. Aliás, este não é um problema só da pedagogia, mas de todas as profissões. Infelizmente, a sexologia não foi ainda inserida nos currículos de formação universitária. Mas, mesmo assim, não podemos mais fazer vista grossa para este assunto nas escolas. Essa dificuldade precisa ser enfrentada. Por não saber como lidar com questões ligadas à sexualidade, o professor pode perder uma grande chance de exercer o seu papel na integralidade: ser um educador no sentido mais amplo do termo – preocupado não apenas com os conteúdos curriculares, mas com a formação integral de seus alunos.
Para isso acontecer, é necessário mexer na cultura dos professores em relação à sexualidade.  É o que vejo na maioria das escolas que visito. A instituição precisa, sim, proporcionar ao professor uma capacitação sobre o tema (vamos falar sobre isso em textos futuros, não se preocupe). É necessária toda uma programação que  permeie a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área no decorrer de todo o Ensino Básico. A transversalidade necessita de uma política de integração entre as áreas, um conhecimento básico – comum a todos os professores – sobre sexualidade e prevenção e o compromisso de toda comunidade escolar em torno do tema.
Também ajuda bastante se cada profissional buscar se instruir a respeito das temáticas que costumam acontecer na sua sala de aula.
Vejo alguns caminhos para isso:
1-    Formar grupos de estudos para debater as questões concretas que surgem na escola;
2-    Buscar a opinião de especialistas. Isto pode ocorrer tanto de forma presencial, por meio de pesquisa em livros ou no mundo virtual. O Instituto Kaplan é uma organização que tem um trabalho em educação sexual voltado para a capacitação de educadores e consultoria as escolas. Além disso, a entidade oferece um serviço gratuito de atendimento à distância pelo Skype (para isso, basta procurar pelo usuário sosex_kaplan na rede social)
3-    Outro fator muito importante é rever os próprios tabus e procurar adotar uma postura isenta de julgamento moral. Não é fácil, mas, como educadores, precisamos estar abertos para isso. E se você tiver possibilidade de vivenciar um processo psicoterapêutico – fazer terapia – ajuda muito a gente a fazer este reconhecimento de forma mais rápida.
Vale ressaltar, ainda, que se familiarizar com a abordagem da sexualidade no ambiente escolar leva tempo. Não se preocupe se no início você se envergonhar, se sentir inseguro ou temer por situações que ainda não tem a menor ideia de como conduzir, etc.: é muito melhor do que fingir que a questão não existe! E mais, nada como a prática para nos ajudar a adquirir experiência.
Na sua escola há alguma experiência de educação continuada para os professores desenvolverem a prática em educação sexual?  Espero o seu comentário!
Um beijo!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Homossexualidade indígena no Brasil


Ilustração de Theodor de Bry (1528-1598). 
 Estevão Rafael Fernandes
Professor da Universidade Federal de Rondônia
Doutorando em Estudos Comparados sobre as Américas
Universidade de Brasília

Este texto busca levantar alguns dos questionamentos que tenho elaborado desde que escolhi como tema de pesquisa o ativismo homossexual indígena no Brasil a partir de uma perspectiva comparada com os Estados Unidos. Na verdade, tratam estas reflexões justamente do que eu não tenho encontrado na literatura e como, a partir disso, minhas preocupações analíticas vêm tomando corpo.  
 Ao longo da pesquisa tenho observado que há, no Brasil, diversas referências a sexualidades indígenas operando fora do modelo heteronormativo desde a colonização. Autores como Mott (2011), por exemplo, trazem inúmeros exemplos de como o “pecado nefando” e a “pederastia” eram algo relativamente comum entre os indígenas: os Tupinambá chamariam de tibira aos homens e deçacoaimbeguira às mulheres que fossem o que se chamaria hoje de “homossexuais” (adiante problematizarei isso, inclusive o título que dei a este texto); entre os Guaicurus eles seriam chamadoscudinhos, entre os Mbya, guaxu; entre os Krahò, cunin; entre os Kadiwéu, kudina; entre os Javaé,hawakyni; e assim por diante. Vários antropólogos (Wagley, 1977; Clastres, 1995,2003; Lévi-Strauss, 1996; Gregor, 1985; Murphy, 1955; Métraux, 1948; Darcy Ribeiro, 1997; para citarmos apenas alguns) mencionariam, ainda que en passant em suas etnografias, práticas que seriam classificadas a primeira vista como “homo” ou “bissexualidade”.
 Ao longo da pesquisa, noto que esse mapeamento de práticas e autores traz uma série de implicações (epistemológicas, políticas, conceituais, etc.) que compensam um esforço de sistematização como o que se pretende este artigo. (continue a leitura aqui)

Conteúdo sobre Transexualidade, Travestilidade, Transgeneridade e Mulheridade

Guia básico para jornalistas

Muitos jornalistas passam por uma enorme dificuldade na hora de redigir matérias que tratam de assuntos relacionados a Transexualidade, Travestilidade ou Transgeneridade. Sabendo disso, resolvi criar um guia prático e de fácil entendimento para que os próprios jornalistas se policiem e não comentam mais gafes desrespeitosas para com as pessoas Transexuais, Travestis e Transgêneras.

Os príncipes e o Tesouro

Livro tem casamento entre dois rapazes em meio a um reino Foto: Divulgação


No reino mágico de Evergreen, a princesa Elena é sequestrada por uma bruxa. Em resposta, seu pai, o Rei Rufus, lança o desafio: quem salvar a beldade terá o direito de se casar com ela. Os jovens Gallant e Earnest resolvem, então, encarar a missão. E aí termina o caráter convencional da trama. Durante a busca, os dois homens se apaixonam e, no fim, acabam se casando com pompa na igreja.

O conto de fadas contemporâneo é narrado no livro infantil "The princes and the treasure" (“Os príncipes e o tesouro”, em tradução literal), de Jeffrey A.Miles. Professor da Escola de Negócios da Universidade do Pacífico, na Califórnia (Estados Unidos), ele teve a ideia há cerca de dois anos, enquanto assistia a uma apresentação com um príncipe e uma princesa num parque de diversões.

- Ao ver os atores cantando e dançando, me perguntei: por que não existe príncipe gay e princesa lésbica? Por que o príncipe não pode se casar com outro belo príncipe? E por que não há uma donzela em apuros sendo resgatada por uma linda princesa? - relembra o professor, que é gay e era um ávido leitor de contos de fadas quando garoto. - Ao voltar para casa, resolvi criar a minha própria história





SEM BEIJO NO FINAL

Totalmente ilustrado, o livro não tem o tradicional beijo no final. Mas os protagonistas ganham matrimônio celebrado por um vigário numa igreja medieval. O final é feliz. Apesar do ineditismo, o autor diz que o retorno tem sido positivo.


Segundo Jeffrey, casais heterossexuais contaram que a história os ajudou a conversar com os filhos sobre homossexualidade. Já pais gays afirmaram que a obra serviu de apoio para falar com as crianças a respeito de seus próprios companheiros.

- O livro possibilita uma ótima maneira de abordar o assunto. Escrevi a história para ser romântica, e não sexual. Os pais dizem que a narrativa é ideal para as crianças, e o livro está entre os favoritos de várias delas - comemora o autor.

Apesar da aceitação, o trabalho não ficou livre de críticas. Entidades cristãs radicais internet afora acusam o livro de promover “propaganda homossexual”.

Para Jeffrey, sua publicação avança no combate ao preconceito. Ele lembra o caso de um pai que disse ler o livro para seus filhos em meio aos outros contos de fadas, sem distinção.

- Se todo pai fizesse o mesmo, esta geração de crianças seria mais bem educada sobre a diversidade. A homofobia poderia ser extinta - cogita. - As crianças veem que o amor pode acontecer entre duas pessoas, independentemente do gênero. Estou espantado sobre como é fácil para elas compreender isso, ao passo que, para alguns adultos, ainda é tão difícil.

Lançado no primeiro semestre deste ano, o livro está à venda em 137 países. Uma continuação da história já está sendo escrita pelo autor e deve ser publicada em meados do ano que vem. Jeffery também trabalha na tradução da obra para outras línguas, inclusive para o português. No Brasil, por ora, é possível comprar as versões impressa e digital, em inglês, pela internet. 





Hideaki Kobayashi, um senhor japonês que adora se vestir como uma garota colegial

tumblrDiferente de grande parte dos homens com mais de 50 anos, o japonês Hideaki Kobayashi está pouco interessado em se vestir de forma convencional.
No lugar de calças, roupas sociais ou qualquer outro modelo de vestimenta "padrão", o bem-humorado senhor adora passear pelo centro de Tóquio, no Japão, vestido como uma colegial.
Sorridente e imitando todos os trejeitos de uma garota de 15 anos - vide o acervo de imagens e gifs que ele acumula no próprio tumblr -, Kobayashi é um personagem há muito conhecido da capital japonesa.
Um dos produtores da banda Chaos de Japon, o senhorzinho acabou se transformando em uma espécie de mascote do grupo, se destacando durante as apresentações, eventos ou mesmo ensaios fotográficos ao lado das meninas.
Questionado pelo site Kotaku sobre os motivos que o levaram a se vestir como uma colegial, Kobayashi, que se diz atraído por mulheres, respondeu: "Essa é uma pergunta difícil. Não é realmente algo que eu tenho pensado muito profundamente. Acho que os vestidos me caem bem".
Em uma entrevista para a CNN, Kobayashi se disse contrário ao modo de vida japonês, em que todos precisam relacionar em "conformidade aos demais".
"Eu só quero vestir algo bonito. Se há algo que você quer fazer, então faça. Esta é a minha mensagem: seja você mesmo", respondeu o senhor na mesma entrevista.
Se você também se encantou pelo estilo de Hideaki, aproveite para passear pela nossa galeria com algumas das melhores imagens que encontramos no Tumblr de Kobayashi:
Com informações Kotaku e The Huffington Post.