Sociedade francesa está à deriva", diz ministra vítima de racismo. Christiane Taubira foi chamada de 'macaca' por grupo de jovens contrários ao casamento gay
A ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, fez duras
críticas à sociedade de seu país em uma entrevista publicada nesta
quarta-feira (06/11) no jornal Libération, na qual adverte que os
recentes ataques racistas de que foi vítima são um risco à coesão social
e que o repúdio em torno desse episódio foi demasiadamente brando.
“O que mais me assusta é que não houve uma voz que se levantasse de
forma alta e forte para alertar sobre o estado de deriva que se encontra
atualmente a sociedade francesa”, afirmou. “Esses ataques racistas são
na verdade direcionados ao coração da República”.
Nascida em Caiena, na Guiana Francesa, ela também foi uma das
responsáveis pela lei que leva seu nome, promulgada em 2001, que
reconhece a escravidão e o tráfico de negros como crime contra a
humanidade. “As vozes da consciência da sociedade francesa poderiam ter
dito: cuidado, isto não é um episódio superficial, é um alerta. É a
coesão social que está em jogo, a história de um país que está em
causa”, disse.
Taubira ganhou destaque internacional por ter comandado o projeto de
lei que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo na França que,
embora tivesse obtido apoio popular, também provocou forte oposição de
setores conservadores.
A ministra afirma que casos semelhantes aos quais foi vítima precisam
ser levados à Justiça. “O racismo não é uma opinião, é um crime (…) Mas
a justiça não será suficiente para reparar as doenças profundas que
estão minando nossa democracia. Milhões de pessoas são desafiadas quando
eu sou chamada de ‘macaca’. Milhões de meninas sabem que poderão ser
tratadas da mesma forma nos pátios das escolas durante os intervalos”.
Para a ministra, a situação chegou ao ponto atual por culpa do principal
partido de extrema direita do país, a Frente Nacional.
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