segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Transexualismo deve sair da lista de doenças mentais

A advogada e empresária Márcia Rocha, 47, é travesti. Usa próteses de silicone, tem pênis e se autodefine como bissexual. Foi casada duas vezes com mulheres e tem uma filha de 18 anos.
O webdesigner Leonardo Tenorio, 23, nasceu mulher, mas desde a adolescência se sente homem. Com o uso de hormônio masculino, ganhou barba e esconde os seios sob uma faixa apertada. Agora, ele briga com o plano de saúde pelo direito de fazer uma mastectomia.
Ambos estão prestes a obter uma conquista histórica: deixar de serem classificados como doentes mentais. Hoje, o manual que orienta os psiquiatras considera transexualismo (que passou a se chamar incongruência de gênero) um transtorno.
Mas a nova versão da lista de doenças que orienta a saúde em todo o mundo, a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), editada pela Organização Mundial da Saúde, deverá eliminar isso.



Vários comportamentos tidos hoje como transtornos, como o sadomasoquismo e o travestismo fetichista, serão varridos da CID. Outros, como o transexualismo, vão mudar de categoria.

Os trans, por exemplo, vão ganhar um novo capítulo, longe das doenças, que deve reunir outras "condições relativas à sexualidade", ainda a serem definidas.

A ordem é "despatologizar" o sexo. "Comportamentos sexuais que são inteiramente privados ou consensuais e que não resultem em danos às outras pessoas não devem ser considerados uma condição de saúde. Não há razão para isso", disse à Folha Geoffrey Reed, diretor de saúde mental da OMS.

Reed esteve em São Paulo em encontro para discutir pesquisas e análises que serão feitas no país sobre as novas propostas. No Brasil, a coordenação dos trabalhos é da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Segundo Reed, a ideia é reduzir preconceitos e facilitar o acesso a terapias a quem realmente precisa delas.

"Por que nós, trans, precisamos de um diagnóstico? Por que precisa de um médico para dizer que a pessoa é o que ela é? Nosso direito de autonomia é totalmente ceifado com essa atual patologização", diz Tenorio, presidente da Associação Brasileira de Homens Trans.



Tod@s temos coração?

Foto: Diferença

Suécia abre o primeiro lar de idosos LGBT


Abriu esta semana, na Suécia, o primeiro lar de terceira idade especificamente para a comunidade LGBT de Estocolmo. A casa chama-se Regnbågen, que se traduz por arco-íris, e após vários anos de trabalho conseguiu ser inaugurada, com a celebração dos futuros residentes do lar e apoiantes.

“Este pode ser o primeiro lar de idosos gay-friendly na Suécia, mas certamente não será o último” são as palavras de Lars Mononen, vice-presidente do lar. O mesmo acrescenta que esta casa irá trazer “uma segurança extra ” e um sentido de “comunidade activa”, promovendo “contacto entre vizinhos, em vez de evitá-lo”.
O lar “Arco-Íris” irá acolher maioritariamente adultos com idade igual ou superior a 55 anos, num complexo que conta  com mais de 27 quartos.
O objectivo é promover a integração social e convívio num fase mais avançada da vida, porque geralmente “não temos filhos, e por vezes perde-se o contacto com a família. E quando se pára de trabalhar sente-se falta de interacção social”, explica o vice-presidente.
Respondendo ao medo de poder ser uma medida que contribui para a exclusão da comunidade LGBT, o presidente Christer Fällman esclarece que não será visto como um “voltar ao armário. Qualquer pessoa será autorizada a viver aqui. Pretende-se que seja uma outra forma de integração”.